Como calcular o IGP-M?
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é um dos principais indicadores econômicos do Brasil, sendo amplamente utilizado para reajustes de contratos, principalmente no setor imobiliário. Desenvolvido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), esse índice reflete a variação de preços em diferentes setores da economia e influencia diversos segmentos, desde aluguéis até tarifas públicas. Neste artigo, vamos entender o que é o IGP-M, como ele funciona e onde é aplicado.
O que é o IGP-M?
O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) é um indicador econômico que mede a inflação em diversos setores da economia brasileira. Criado em 1947 pela FGV, ele se tornou um dos principais índices de reajuste de preços no país, sendo muito utilizado em contratos de aluguel, tarifas públicas e alguns setores financeiros.
Diferente do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação com base nos gastos das famílias, o IGP-M tem uma abrangência maior, englobando preços ao produtor, ao consumidor e da construção civil.
Como o IGP-M é calculado?
O cálculo do IGP-M é baseado na média ponderada de três outros índices:
- 60% do Índice de Preços ao Produtor Amplo – Mercado (IPA-M)
- 30% do Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M)
- 10% do Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado (INCC-M)
Esses três indicadores refletem as variações de preços em diferentes áreas da economia, proporcionando uma visão ampla sobre a inflação.
Componentes do índice
IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo – Mercado)
O IPA-M representa 60% do IGP-M e mede a variação de preços de bens e matérias-primas no atacado. Ele tem um grande impacto no índice geral, pois reflete os custos de produção que, eventualmente, são repassados ao consumidor final.
IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor – Mercado)
O IPC-M tem peso de 30% no IGP-M e mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 33 salários mínimos. Ele é semelhante ao IPCA, mas tem metodologia diferente.
INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado)
Com peso de 10% no cálculo do IGP-M, o INCC-M mede a variação dos custos da construção civil, incluindo materiais, equipamentos e mão de obra.
Para que serve o IGP-M?
O IGP-M tem diversas aplicações na economia brasileira, sendo as principais:
- Reajuste de contratos de aluguel
- Correção de tarifas públicas, como energia elétrica e planos de saúde
- Reajuste de mensalidades escolares e serviços privados
- Correção de alguns investimentos financeiros e títulos públicos
Fórmula para calcular o IGP-M
O IGP-M é calculado aplicando a seguinte fórmula:
IGP−M=(IPA−M×0,6)+(IPC−M×0,3)+IGP−M=(IPA−M×0,6)+(IPC−M×0,3)+(INCC−M×0,1)
Onde:
- IPA-M = Índice de Preços ao Produtor Amplo
- IPC-M = Índice de Preços ao Consumidor
- INCC-M = Índice Nacional de Custo da Construção
- Os coeficientes 0,6, 0,3 e 0,1 representam os pesos respectivos de cada índice.
Exemplo prático de cálculo do IGP-M
Suponha que os índices do mês sejam os seguintes:
IPA-M: 1,5%
IPC-M: 0,8%
INCC-M: 0,6%
IGP−M=(1,5%×0,6)+(0,8%×0,3)+(0,6%×0,1)
IGP−M=(0,9%)+(0,24%)+(0,06%)
IGP−M=1,2%
Neste caso, o IGP-M do mês seria 1,2%.
Como o IGP-M impacta os contratos de aluguel?
O IGP-M é amplamente utilizado no Brasil como índice de reajuste para contratos de aluguel, tanto residenciais quanto comerciais. Isso ocorre porque ele reflete a variação dos preços de diversos setores da economia, servindo como um indicador confiável para correções contratuais.
Como funciona o reajuste do aluguel pelo IGP-M?
- A maioria dos contratos de aluguel estabelece um reajuste anual com base na variação acumulada do IGP-M nos últimos 12 meses.
- No mês do reajuste, o valor do aluguel é atualizado conforme o percentual acumulado do índice no período.
Por que o IGP-M é usado no reajuste de aluguéis?
O IGP-M começou a ser amplamente adotado nos contratos de aluguel na década de 1990, pois era considerado um índice confiável e de fácil acesso. Como ele mede a variação dos preços em diferentes setores da economia, tornou-se um dos principais referenciais para ajustes contratuais.
Impacto do IGP-M nas negociações de aluguel
Em períodos de alta inflação, o IGP-M pode ter variações muito elevadas, tornando os reajustes de aluguel mais pesados para os inquilinos. Isso pode levar a negociações entre locadores e locatários para:
- Substituir o IGP-M por outro índice, como o IPCA, que geralmente tem variações menores.
- Negociar reajustes menores, evitando aumentos abruptos no valor do aluguel.
- Revisar o contrato, permitindo reajustes por índices diferentes a cada ano.
Alternativas ao IGP-M nos contratos de aluguel
Devido à volatilidade do IGP-M, muitos contratos passaram a utilizar outros índices, como:
- IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – utilizado pelo Banco Central como referência oficial de inflação.
- INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – mede a inflação para famílias de renda mais baixa e pode ser uma alternativa mais estável.
Dica: Antes de assinar um contrato de aluguel, é essencial verificar qual índice de reajuste está sendo utilizado e, se possível, negociar um reajuste mais previsível.
A importância do IGP-M para o mercado financeiro
Além de seu papel no reajuste de contratos, o IGP-M tem grande importância no mercado financeiro, sendo usado como referência para diversos produtos e investimentos.
IGP-M como indexador de investimentos
Muitos títulos e aplicações financeiras são corrigidos pelo IGP-M, garantindo que os investidores mantenham o poder de compra diante da inflação. Entre os principais produtos indexados ao IGP-M, destacam-se:
- Títulos Públicos e Privados
- Algumas debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas) utilizam o IGP-M para corrigir o valor do investimento.
- Em alguns momentos, o Tesouro Nacional emitiu títulos atrelados ao IGP-M, garantindo proteção contra inflação.
- Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs)
- Muitos fundos de investimento imobiliário (FIIs) utilizam o IGP-M para corrigir o valor dos aluguéis de seus imóveis, impactando diretamente a rentabilidade dos cotistas.
- Contratos de leasing e financiamentos
- Alguns contratos de leasing (arrendamento de bens) e financiamentos de longo prazo são corrigidos pelo IGP-M, garantindo equilíbrio econômico entre as partes.
IGP-M como indicador econômico
O IGP-M também serve como um termômetro da economia, ajudando empresas, investidores e gestores públicos a tomar decisões estratégicas.
- Empresas usam o IGP-M para planejar reajustes de preços e calcular impactos da inflação sobre seus produtos e serviços.
- Investidores acompanham o IGP-M para entender tendências inflacionárias e tomar decisões sobre aplicações financeiras.
- O governo monitora o IGP-M para avaliar a evolução dos preços e o impacto da inflação em diferentes setores da economia.
Vantagens do IGP-M para o mercado financeiro
- Proteção contra a inflação: investidores que aplicam em produtos atrelados ao IGP-M garantem que seu capital seja corrigido conforme a inflação.
- Referência confiável: por abranger preços ao produtor, ao consumidor e da construção civil, o IGP-M é um índice robusto e abrangente.
- Impacto nas decisões empresariais: empresas utilizam o IGP-M para ajustar custos, definir preços e elaborar estratégias de precificação.
Desvantagens do IGP-M no mercado financeiro
- Alta volatilidade: o IGP-M pode ter variações muito bruscas, dificultando previsões financeiras.
- Influência do dólar e commodities: como o IGP-M inclui preços no atacado, ele pode ser impactado por fatores externos, como variações cambiais e oscilações no preço de commodities.
Qual a diferença entre IGP-M e IPCA?
Enquanto o IGP-M mede a inflação de forma mais ampla, incluindo preços no atacado e custos da construção civil, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) reflete a variação de preços apenas no consumo final das famílias. Falamos um pouco mais nesse artigo que explicamos o que é o IPCA.
O IPCA é o índice oficial da inflação no Brasil, usado pelo Banco Central para definir a meta de inflação, enquanto o IGP-M tem um papel mais voltado para reajustes contratuais.
O IGP-M e a economia brasileira
Por abranger preços desde a produção até o consumo final, o IGP-M é um indicador relevante para entender o comportamento da inflação e o impacto da variação de preços em diversos setores da economia.
Como acompanhar as variações do IGP-M?
A FGV divulga mensalmente os dados do IGP-M, que podem ser acompanhados em portais econômicos, sites financeiros e no próprio site da Fundação Getulio Vargas.
Vantagens e desvantagens do uso do IGP-M
Vantagens
- Abrange diferentes setores da economia
- Serve como referência para reajustes contratuais
- Reflete o impacto da inflação sobre produtores e consumidores
Desvantagens
- Volatilidade maior do que outros índices inflacionários
- Pode não refletir com precisão o impacto da inflação sobre o consumidor final
- Impacta contratos de aluguel, tornando-os mais caros em momentos de alta inflação
Algumas Perguntas frequentes sobre o IGP-M
O que fazer se o IGP-M estiver muito alto no reajuste do aluguel?
Locatários e proprietários podem negociar reajustes com base em outros índices, como o IPCA, ou acordar um reajuste menor.
O IGP-M afeta todos os contratos de aluguel?
Nem todos. Embora seja amplamente utilizado, a adoção do IGP-M como indexador depende do que foi estipulado no contrato.
O IGP-M pode ser negativo?
Sim, se os preços dos produtos e serviços caírem, o IGP-M pode ter uma variação negativa.
Existe um limite para a variação do IGP-M?
Não há um teto definido, pois ele reflete a variação real dos preços na economia.
Onde consultar o IGP-M atualizado?
Os dados podem ser consultados no site da FGV e em portais financeiros como Banco Central, Infomoney e Valor Econômico.
Conclusão
O IGP-M é um dos principais índices de inflação do Brasil, impactando contratos de aluguel, tarifas públicas e investimentos financeiros. Apesar de sua volatilidade, ele é amplamente utilizado para reajustes contratuais. Acompanhar sua variação é essencial para quem tem contratos indexados a esse índice, garantindo melhores negociações e planejamento financeiro adequado.
