
Você já se perguntou por que tanta gente está falando do cofrinho do Mercado Pago? Em meio à inflação, juros altos e incertezas econômicas, uma ferramenta simples e acessível como essa começa a chamar atenção.
O Cofrinho do Mercado Pago não é só mais um lugar para guardar trocados. Ele representa uma forma inteligente e automatizada de fazer seu dinheiro render, mesmo sem você perceber.
E o melhor: promete rendimento de até 120% do CDI. Mas será que é tudo isso mesmo? Vale mais do que a poupança? Tem riscos escondidos? Vamos analisar tudo com lupa e sem rodeios.
Como funciona o cofrinho do Mercado Pago?
O cofrinho é uma função integrada ao app do Mercado Pago. Você separa uma parte do seu saldo e escolhe um objetivo: guardar para uma viagem, quitar dívidas ou simplesmente formar uma reserva.
Esse valor é automaticamente alocado em uma aplicação que rende diariamente, podendo chegar a 120% do CDI — ou seja, mais do que muitos CDBs de bancos tradicionais.
A grande sacada é a simplicidade: você guarda quando quiser, retira quando precisar e acompanha os rendimentos em tempo real, tudo pelo app.
O que significa render 120% do CDI na prática?
Aqui é onde muita gente se confunde, e é aqui que a mágica (ou ilusão) acontece.
O CDI é um indicador que acompanha a taxa Selic. Em maio de 2025, por exemplo, o CDI estava em cerca de 14,65% ao ano. Logo, 120% disso representa aproximadamente 17,58% ao ano.
Ou seja: se você deixar R$ 1.000 no cofrinho por um ano, sem mexer, o rendimento bruto pode chegar a R$ 175,80, totalizando R$ 1.175,80. Esse valor é bruto, antes da incidência do Imposto de Renda, e é significativamente acima da poupança, que tem um rendimento estimado de 6,17% ao ano (com a Selic acima de 8,5%).
Atenção: os valores apresentados são brutos, sem considerar a tributação do Imposto de Renda sobre os rendimentos.
O dinheiro no cofrinho está protegido pelo FGC?
Essa é uma das perguntas mais importantes, e a resposta é não.
O dinheiro no cofrinho é aplicado em fundos de investimento de renda fixa atrelados ao CDI. Como são fundos, não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
No entanto, os riscos são considerados baixos, especialmente porque os ativos são de emissores sólidos. Mesmo assim, é importante entender que risco zero não existe, mesmo em produtos conservadores.
Quais taxas são cobradas no cofrinho?
Aqui vem uma boa notícia: o Mercado Pago não cobra taxas para usar o cofrinho. Isso significa zero tarifa de administração, zero taxa de entrada ou saída.
Porém, como o investimento é via fundo, há cobrança de imposto de renda, conforme a tabela regressiva:
- 22,5% sobre os rendimentos para aplicações de até 180 dias
- 20% para aplicações entre 181 e 360 dias
- 17,5% de 361 a 720 dias
- 15% acima de 720 dias
A tributação é automática e só incide sobre o lucro.
Posso resgatar o dinheiro do cofrinho a qualquer momento?
Sim. O resgate é feito na hora, e o valor volta imediatamente para o saldo disponível na sua conta do Mercado Pago.
Isso é ótimo para quem quer liquidez, ou seja, acesso rápido ao dinheiro. Ideal para reservas de emergência ou metas de curto prazo.
Mas atenção: se você resgatar antes de 30 dias, o rendimento pode ser menor devido à cobrança do IOF regressivo. Então, planeje bem.
Comparando com a poupança: quem leva vantagem?
Vamos ser diretos: o cofrinho do Mercado Pago ganha da poupança com folga.
Enquanto a poupança rende uma taxa estimada de 6,17% ao ano (com a Selic acima de 8,5%), o cofrinho pode entregar um rendimento bruto de até 12,78% ao ano. Praticamente o dobro.
Além disso, o cofrinho tem rendimento diário, enquanto a poupança só rende no “aniversário” da aplicação. Ou seja, se você sacar antes de 30 dias, a poupança não rende nada.
Mas, vale lembrar: a poupança tem FGC, o cofrinho não.
O cofrinho é indicado para que tipo de investidor?
O Cofrinho do Mercado Pago é indicado para:
- Quem está começando a investir;
- Quem precisa de liquidez diária;
- Quem quer rendimento maior que a poupança;
- Quem prefere simplicidade e controle direto pelo celular.
Não é indicado para quem busca proteção do FGC ou rendimentos isentos de imposto (como LCIs ou poupança).
Quais os riscos reais desse tipo de investimento?
Mesmo sendo considerado conservador, o cofrinho envolve alguns riscos:
- Risco de crédito do fundo: existe a possibilidade de o fundo investir em títulos de dívida de empresas ou instituições financeiras que não consigam honrar seus pagamentos, gerando perdas para o investidor.
- Risco de mercado (pequenas variações de rentabilidade)
- Risco de liquidez em situações extremas de mercado
Por isso, a recomendação é não aplicar todo o seu dinheiro nesse tipo de investimento. Use como parte da sua estratégia.
Vale a pena usar o cofrinho do Mercado Pago?
Para muitos brasileiros, a resposta é sim.
O cofrinho oferece acessibilidade, rentabilidade interessante, praticidade e liquidez. É uma ótima porta de entrada para o mundo dos investimentos.
No entanto, ele não substitui uma carteira diversificada, nem oferece a proteção do FGC. É uma ferramenta útil, mas deve ser usada com consciência.
Se você quer fazer seu dinheiro render mais do que na poupança, sem complicação, o cofrinho pode ser uma excelente escolha.
Quem não cuida dos centavos, perde os reais
O novo cofrinho do Mercado Pago não vai te deixar milionário, mas pode te ensinar uma lição valiosa: guardar, mesmo que pouco, com inteligência, muda tudo.
Mais do que rentabilidade, ele promove disciplina, hábito e controle, que são os três pilares que constroem a verdadeira liberdade financeira.
Portanto, se você ainda trata trocados como “dinheiro que sobra”, talvez esteja jogando no time errado. Afinal, quem não respeita os centavos, dificilmente saberá multiplicar os reais.